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‘Sylvia Patricia’, a eterna capacidade de se adaptar aos novos tempos

Com mais de 30 anos de carreira, Sylvia Patricia esbanja jogo de cintura e criatividade em um trabalho feito durante a pandemia.

Se há algo importante para um profissional é a capacidade de se adaptar às mudanças ocorridas em sua área de atuação. E essa é uma das marcas registradas de Sylvia Patricia. Esta cantora, compositora e musicista baiana viveu de tudo, em seus mais de 30 anos de uma bem-sucedida carreira musical.

Seu início foi nos anos 1980, ainda na era de ouro das grandes gravadoras, e seus primeiros lançamentos foram por algumas das maiores (Sony e Warner). Com o tempo, partiu para a cena independente, opção que se mostrou das mais acertadas pelas dificuldades vividas pelos grandes selos e também pela total liberdade que conquistou para gerenciar os seus rumos artísticos.

A partir de 2004, passou a investir com sucesso em uma carreira internacional, com direito a longos períodos no exterior, shows constantes, novos CDs e DVDs e várias músicas incluídas em mais de 70 compilações no exterior. O que ela não imaginava, no entanto, era ter de lidar com a pandemia da covid-19.

Após voltar de mais uma dessas turnês, em outubro de 2019, Sylvia começou a planejar um novo trabalho, e veio com uma música pronta, “Vinho e Terroir”, composta na Espanha com um músico brasileiro radicado há muito tempo por lá, Danilo Pinheiro.

Quando se preparava para entrar em estúdio, o isolamento social exigido pela pandemia afastou por um bom tempo os contatos presenciais entre as pessoas. E, dessa forma, Sylvia teve de se adaptar às gravações feitas em seu estúdio caseiro, e em trocar arquivos de áudio com outros músicos, via internet, como modus operandi para viabilizar seus novos trabalhos. E vieram também as lives, clipes caseiros etc.

Foi nesse contexto que surgiu Existe Amor em SP, título que é uma brincadeira com a música “Não Existe Amor em SP”, do cantor e compositor Criolo, sendo que, no caso dela, SP são as iniciais do seu nome, a forma carinhosa como a mãe e também alguns amigos mais íntimos a chamam.

Entre outras novidades, a principal surpresa nessa nova experiência virtual foi o fato de Sylvia Patricia gravar a sua voz sozinha, sem o apoio de técnicos de som ou produtores, pela primeira vez em sua trajetória. E ela se sentiu confortável nesse novo contexto.

Não faltaram colaborações neste Existe Amor em SP. Cada faixa teve produção, participações de músicos e parcerias específicas, gerando desta forma um EP com seis músicas diversificadas entre si, todas, no entanto, com o DNA da artista, uma mistura de boas melodias, diversidade rítmica e uma delicadeza vocal repleta de sutilezas, além de letras que abordam temas sempre essenciais, como o amor, os relacionamentos e o dia-a-dia.

 

AS FAIXAS DE “EXISTE AMOR EM SP”

– “País, Que País?” (Sylvia Patricia)

Pop-rock com uma letra ácida e refrão marcante que registra o momento complicado que vivemos. “É uma reflexão sobre tudo o que está acontecendo no Brasil atualmente. O país tropical, da felicidade, do eterno sorriso, não tem mais”, explica Sylvia. A produção ficou a cargo da baixista Gigi Magno, que também se incumbiu do arranjo e de outros instrumentos musicais e efeitos.

– “Beat Chic (Ilê Ifê)” (Sylvia Patricia-Monica Millet)

Do protesto da faixa anterior, seguimos para um libelo em favor da esperança e da fé. O clima é de r&b dançante, parceria com Monica Millet, que é neta de Mãe Menininha do Gantois. Outra com produção de Gigi Magno. “Não dá para perder a esperança, porque senão acaba tudo”, reflete.

-“Vinho e Terroir” (Sylvia Patricia- Danilo Pinheiro)

Produzida por Sylvia em parceria com o engenheiro de som Richard Meyer, é uma fusão de pop com música eletrônica, particularmente drum ‘n’ bass, com um resultado rítmico contagiante e original. O clipe desta faixa do EP foi gravado no Teatro Castro Alves, em Salvador (BA).

-“C’Est La Vie” (Sylvia Patricia)

Uma deliciosa balada pop-rock, com produção, arranjo e vários instrumentos a cargo de Fernando Nunes.

-“Solos de Jazz” (Sylvia Patricia- Nico Rezende)

Nico Rezende fez o arranjo para a 1ª música gravada por Sylvia, “Lady Pank”, em 1985. Desde então, ficaram muito amigos, e ela participou de discos dele. Desta vez, o cantor, compositor e músico retribuiu, em uma elegante balada r&b com tempero jazzista com arranjos e vários instrumentos a cargo de Jordi Amorim. O dueto entre os dois ficou simplesmente delicioso.

-“Estrela Manhã” (Sylvia Patricia- Jota Velloso, Paulinho Boca de Cantor- Carlô de Itapuã)

Esta foi a 1ª música de Sylvia gravada por outro artista, no caso Paulinho Boca de Cantor, registrada em dueto com Baby Consuelo no álbum “Valeu” (1981), trabalho solo do cantor dos Novos Baianos. No entanto, o nome dela não foi devidamente creditado na época, situação só resolvida agora, quando Paulinho não só admitiu publicamente a coautoria de Sylvia como de quebra ainda participou desta releitura, com arranjo e produção a cargo de Alex Mesquita.

Biografia

Sylvia Patricia Cesar Pires Valença tem muitas histórias para contar. Começou a tocar violão quando tinha apenas 8 anos de idade, e depois cursou Composição e Regência na Universidade Federal da Bahia e se formou como bacharel em canto na Faculdade Paulista de Arte.

Sua primeira gravação foi a faixa “Lady Pank”, incluída na coletânea “Rock In Brazil” (1985), lançada pela gravadora RCA que também incluía faixas de Lobão, Herva Doce e Brylho, entre outros.

O seu primeiro álbum, autointitulado, saiu em 1989 pela Sony Music, com direito a elogios de Cazuza, um Prêmio da Música Brasileira na categoria revelação de pop-rock e os hits “Marca de Amor Não Sai”, “Cenas de Violência e Tensão” e “Sua Mãe, Uma TV e um Gato”.

“Curvas e Retas” (1992), o segundo CD, foi lançado pela Warner, com direção artística de Nelson Motta e participação especialíssima de Caetano Veloso na faixa “Cantar”, além de hits como “Gloria” e “Cada Um Cada Um (Namoradeira)”.

Com o declínio da indústria fonográfica no Brasil, Sylvia encaminhou-se para a via independente, e lançou trabalhos elogiados no Brasil e exterior, entre eles o DVD “Sylvia” (2015), gravado em parceria com o Canal Brasil.

A partir de 2004, passou a fazer turnês constantes pelo exterior, passando por Europa, Japão e EUA, e tendo músicas incluídas em mais de 70 coletâneas em vários países. No total, tem 7 CDs, 2 DVDs e vários EPs, com direito a diversas colaborações com outros artistas, como Zélia Duncan, Paulo Rafael e Edu Casanova.

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