Desde que o Biquini Cavadão surgiu, em 1985, a moeda mudou de nome três vezes, o país enfrentou planos econômicos diversos, passou por epidemias de cólera, H1N1, febre amarela, dengue, zika, chicungunha, sem contar com as panes elétricas, de petróleo e, claro, muitas crises políticas. O disco de vinil virou CD, mp3 compartilhado em portais como Napster, com a audição por streaming e, novamente, vinil. Os telefones fixos, considerados valorosos patrimônios, foram vencidos pelos celulares que acabaram com os chamados “orelhões” mas também deixaram de fazer apenas ligações para guardar toda nossa vida, agora digitalizada. A cada nova mudança, um novo desafio, e a necessidade de nos adaptarmos a cada um deles. Se isso não foi fácil para cada um de nós, imagine viver e driblar essas mudanças para administrar uma carreira artística. O Biquini Cavadão foi a primeira banda efetivamente presente na Internet, se adaptou bem a toda sorte de transformações, sempre sem perder a sua essência. Por isso mesmo, o grupo, formado por Bruno Gouveia, Carlos Coelho, Miguel Flores da Cunha e Alvaro Birita, lança neste final de 2021 o álbum Através dos Tempos.
Falando em tempo, vamos voltar um pouco nele: em março de 2020, era para o Biquini Cavadão ter celebrado 35 anos com uma imensa turnê pelo país. Eis que a pandemia pega o mundo de surpresa e todos os eventos são adiados ou cancelados. Ainda assim, o Biquini Cavadão não parou. Lançaram o disco Ilustre Guerreiro ao Vivo, gravaram 3 videoclipes em casa, dois singles, participaram de diversas lives, entrevistas…. “O importante era não manter nossa mente em lockdown”- explica o guitarrista Carlos Coelho. Assim, desta maneira, conseguiram dobrar o número de seus seguidores nas redes sociais. Foi então neste momento que surgiu a ideia de um disco de inéditas.
“Era Setembro de 2020. A queda no número de mortes e os resultados das pesquisas com vacinas contra COVID no mundo todo nos deram um sopro de esperança. Foi aí que pensamos em voltarmos aos palcos trazendo novidades, além de matar as saudades de tantas canções”. ‘Até Maio, todos estarão vacinados e poderemos voltar à vida normal’, a gente conversava…. mas levou um pouco mais que isso, né?”-diz Bruno Gouveia.
Para a produção, convidaram Paul Ralphes, o galês que produziu o disco Escuta Aqui (2000) e boa parte do disco biquini.com.br (1998). Paul, que não trabalhava com o Biquíni há vinte anos, topou com uma condição: que fizesse o disco à distância, visando ao distanciamento social e à saúde de todos. Nada de encontros entre ele e a banda. Todo material foi transmitido via internet, tudo discutido remotamente. Cada um, em seu canto, gravou o que precisava para o disco. Os membros praticamente não se encontraram no estúdio, mas conversavam com frequência sobre os arranjos, os timbres e o desenvolvimento de cada faixa. Nem para as fotos promocionais e os primeiros videoclipes isso aconteceu. Fizeram os registros em horários diferentes, mantiveram o distanciamento necessário e coube depois aos designers e editores a tarefa de juntá-los. Amigos, separados pelo momento, mas atravessando juntos este tempo incerto.
Por isso mesmo, o disco traz em sua essência, um recado de otimismo, resiliência e perseverança. Ao longo de suas nove faixas, a banda discorre sobre esses assuntos, com a certeza de que, de um jeito ou de outro, superaremos as crises que nos acometem. Sempre antenados, já apresentaram mais da metade do álbum em singles lançados desde Julho deste ano. “Queríamos apresentar o disco junto com nossa volta aos palcos. Por isso, fomos administrando estes lançamentos, além de *já* dar o gostinho *aos fãs, do que* vem por aí.”- explica o baterista Alvaro Birita. Mas não é só isso, o grupo investiu em novas tecnologias como o Dolby-Atmos™, que proporciona uma nova sensação espacial para o ouvinte.
No álbum se encontram as já lançadas “Nada é Para Sempre”, uma oração em ritmo de rock; a doce e paternal “A Vida”; a alegre e crítica “A Gente É O Que É”; a balada resiliente “Eu Não Vou Recuar” e o pop solar de “Colhendo Flores”.
A elas, se juntam a suave canção “A Manhã”, com sua teia de arpejos; o rock “Dois Polos”, que trata sobre o transtorno bipolar; a levada folk rock libertária de “Me Sorria com Seu Rosto Inteiro” e a curiosa história da faixa título, um reggae-pop que narra o dia em que Bruno Gouveia se declarou para sua mulher, dez anos atrás.
Através dos Tempos, vislumbra dias melhores, passados estes momentos tão difíceis que todos nós vivemos. Não será algo fácil, mas no que depender de Bruno, Coelho, Alvaro e Miguel, o disco exala a alegria de novas canções que se juntarão aos grandes sucessos na nova tournée por todo Brasil.
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