O intérprete, compositor, violonista, tocador de tambor crioula, escritor e arquiteto Chico Maranhão fez show da sua atual turnê baseada no novo álbum CONTRADIÇÕES, último dia 18 de julho (quinta-feira), às 22h, no Al Janiah, localizado à rua Rui Barbosa, 269 – Bela Vista, São Paulo, SP. O concerto contou com as participações especiais de Osvaldinho da Cuíca e Manoel Pacífico.
O público presente teve a oportunidade de vivenciar um roteiro bem peculiar. O artista apresentou canções clássicas como Diverdade, Coisas de poeta, Arreuni, e também, do novo projeto como Doce de espécie e Gritos – um vigoroso alerta/protesto. “Uma desesperança! O sentimento de assistir o desmantelamento de um mito pelo processo histórico, no caso, a tradição do Bumba-meu-boi diante à modernidade” sentencia o autor. Também não faltou pérolas como o samba humorado Filho D’Uma Égua que transpõe para o contexto da música, a atual situação brasileira. E como, se tratando de Chico Maranhão, toadas do boi fizeram esquentar o terreiro do bar Al janiah que finalizou o show com o conhecido frevo Gabriela.
Mais sobre o novo CD
Contradições é o novo trabalho do músico, que emplacou a canção Gabriela no festival de 1967, defendida pelo grupo MPB-4, estreia na gravadora Kuarup com projeto em álbum duplo que resgata canções inéditas compostas nos últimos anos.
O disco composto por 22 faixas foi gravado em São Luís do Maranhão, no Sonora Estúdio. Os arranjos, produção e direção musical foram comandados pelo violonista Luiz Júnior.
Na capa do CD uma arte especial que desmembra a palavra contradições recriando outros significados em um jogo de letras com a criação gráfica e artística do pintor e desenhista Cláudio Tozzi.
O primeiro registro de sua obra se deu em 1969 em um disco brinde junto com o compositor Renato Teixeira e de lá para cá, nestes quase 50 anos, Chico Maranhão lançou várias obras como a criação da Ópera Boi e um livro dedicado à arquitetura chamado Urbanidade do Sobrado, sendo o atual disco o 10º projeto da carreira.
O presente trabalho é autoral. Há somente duas parcerias, uma com o saudoso poeta ludovicense, Nauro Machado, na faixa Quando Baixa o Crepúsculo. A outra é com o cantor Chico Teixeira, em Roça Brasil. “Na casa de Renato Teixeira, seu filho Chico me mostrou uma melodia ao violão. Isso gerou em mim uma letra sobre o tema de uma casinha na roça. Estava criada uma nova parceria”.
O som do músico traz elementos da cultura maranhense como o Bumba-Meu-Boi, baiões, modinhas, frevos ou uma mistura de todos estes ritmos, mas foge desses padrões estigmatizados. “Minha obra tem um aspecto que gostaria de chamar atenção: Sou muito eu e meus sons, minhas canções, minhas ilusões, eu e meu violão! Acho que sou um criador de sons ligados intrinsecamente as palavras da minha cultura, dentro de uma sintaxe especificamente maranhense e seus maneirismos”.
No repertório canções compostas ao longo de anos como o baião Mandioca Pinga Sushi, cuja letra foi feita em resposta a um trecho do conhecido discurso de Caetano Veloso no III Festival Internacional da Canção, de 1968. Há também algumas pérolas que enaltecem a sua veia arquitetônica como a poética Os Telhados de São Luís e o choro Sobrado. O samba humorado Filho D’Uma Égua e a divertida A Vida é Uma Festa, também merecem destaque.
Conhecido por canções que trazem referências do bumba-meu-boi, o músico alega que neste projeto ele não está presente explicitamente. Entretanto, traços deste folclore brasileiro estão presentes em canções como Pé-de-Vento e Gritos. “As vibrações do boi neste projeto estão implícitas, menos perceptivas, intra-emoção ou até se quisermos, de uma forma “complexa”, que podemos dizer: um boi complexo (risos!!)”.
O que se pode refletir de forma mais imediata ao observar o conteúdo das letras é que se trata de uma obra reivindicatória. “Este álbum clama por discutir questões mais históricas de uma visão mais profunda da trajetória do artista na música popular brasileira. Por isso seu título: CONTRADIÇÕES. Há contradições de temas, de ritmos, de enfoques, etc”.
Sobre a questão de canções com temas tão diversos Chico explica que gosta de ter à mão várias composições antes de entrar em estúdio e, geralmente, registra trinta ou mais músicas de uma só vez e vai distribuindo em possíveis projetos. As canções pertencem muitas vezes a períodos distintos da vida do artista. “Prefiro ficar muito tempo compondo até satisfazer meus anseios. Vou costurando ponto a ponto momentos internos, externos, situações do passado, do presente e talvez do amanhã”.
Serviço
Chico Maranhão no Al janiah
Local: Al Janiah – Rua Rui Barbosa, 269 – Bela Vista, São Paulo, SP.
Horário do Show: 22h
Capacidade do Local: 100 lugares
Ingresso: R$10,00 (Dez Reais)
Duração do espetáculo: 1h20 minutos
Classificação etária: 18 anos
Informações: (11) 9.8288.4084 – https://www.aljaniah.com.br
*Aceita todos os cartões de débito e crédito
Faixas do CD Contradições:
CD 1: Faixas: 1. Mandioca Pinga Sushi / 2. Os Telhados de São Luís / 3. Sobrados e Trapiches / 4. Sobrado / 5. Roça Brasil / 6. Hino Do Vira Vila / 7. Ponto de Fuga / 8. Meu Vovô / 9. Bom Dia, Dia / 10. Manguezal de Sal / 11. A Vida É Uma Festa.
CD 2: Faixas: 1. Filho D’uma Égua / 2. Sós / 3. Stradivarius Malúdico / 4. Prostituta / 5. Doce de Espécie / 6. Quando Baixa o Crepúsculo / 7. Contador de Lágrimas / 8. Pé-De-Vento / 9. Gritos / 10. Passando À Vida / 12. Sonhar.
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